telúrica | Gaya Rachel - 05 | 05 a 31 | 05 | 2022



. gaya rachel | telúrica

5 de maio > 31 de maio de 2022   

              

a exposição Telúrica, é a primeira individual da jovem artista Gaya Rachel no rio. fazem parte da mostra, as séries pássaros, mineral, germinar e revoada. são ao todo dezesseis trabalhos recentes, entre pintura a óleo, acrílica e técnica mista sobre tela e xilogravuras.

Gaya vive e trabalha entre rio e são paulo.


Séries: revoada, mineral e germinar

 

MATERIALIDADE - SENTIDOS - LUGAR - TEMPO

 sou a favor de uma arte de corpo e alma, assim como se vive.

 sou a favor de uma arte onde as mãos sejam importantes. máquinas de produzir.

 sou a favor de uma arte que inclua quem a veja. uma arte que converse.

 sou a favor de uma arte que saiba lidar com o acaso do tempo e da gravidade.

 sou a favor de uma arte que tenha cheiro, gosto, cor, som, tato. uma arte que se possa tocar, comer, cheirar, ouvir, além de ser vista.

 sou a favor de uma arte desconhecida, uma arte de aventura e errância.

 sou a favor de uma arte que tenha manual de explicação e que possamos fazer diferentes interpretações deste manual e também ignorá-lo completamente.


 Se germinar é uma possibilidade em terra fértil,  que precisa de cuidado e tempo, o fazer artístico é esse germinar em uma mente fértil, que pratica o tempo e o cuidado com o material, a ideia, a observação, o devaneio.

 Germinar é também o nome de uma das séries apresentadas na exposição telúrica. Cartões em diversas cores, encontrados no meio de materiais antigos em casa, são propostas para uma colagem e, pensando no movimento de germinar de uma planta,  pequenas intervenções em nanquim são feitas.

Mineral vem do movimento de olhar, desenhar e pintar pedras. O tempo é pensado aqui enquanto uma unidade de medida abstrata e mutável. Temos o tempo do relógio, dos dias, meses e anos. Temos o tempo dos ciclos, sejam humanos, da natureza ou do universo. Existe o tempo que podemos ver com os olhos, como um pôr-do-sol ou uma ampulheta. Mas existe um outro tempo, como o das pedras, que é lento. O processo de erosão age transformando e moldando-as, e a figura do mineral modifica-se na  ideia de um tempo desacelerado em comparação ao ritmo frenético ao qual costumamos vivenciar o cotidiano.

Revoada e Pássaros vieram do gesto de sentar na varanda e estar aberta para ver, ouvir, cheirar, sentir o que acontecia ao redor. A brisa leve batendo, o calor que faz suar no parado, os cantos lindos ou assustadores dos pássaros. Esse estar aberta é um convite para a experiência através dos sentidos.

Podemos pensar que para ativar um lugar é preciso percorrê-lo, fazendo dele, assim, um espaço capaz de experiências. Mas percorrer como? Percorro o mundo tal qual uma caminhante, prestando atenção ao caminho e às coisas nele existentes. Caminho esse que faço entre ruas, cidades, estados, países, livros, textos, poemas, histórias, pessoas.

Essa exposição, da mesma maneira que esse texto, é uma proposta para a observação, para o deslocamento dentro de um espaço, para a atenção ao caminhar e ao que se vê. Assim como cada trabalho se dá a partir da observação, do tempo de contemplação e da vivência de um lugar, telúrica abre-se como um convite a diferentes interpretações, a pontos de vista não fixos, mas sugeridos para experimentação de cada obra.


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