gaya rachel | É TUDO COR INVENTADA | 06.05.25 > 31.05.25
exposição: 06/05/25 a 31/05/25
de segunda a sexta: 12h - 19h; sábados: 15h30 - 19h30
texto por Lívia Gonzaga
gaya rachel
É TUDO COR INVENTADA
Como sabemos, uma tela é sempre um território. Na exposição "É TUDO COR INVENTADA”, da artista Gaya Rachel, somos convidados a caminhar por três séries de pinturas: SAUDADES, BRINCAR e MAPAS.
Em SAUDADES, há um mergulho de quem observa o passado não com a dor da perda, mas com a leveza da contemplação. A artista evoca lembranças com uma única representação figurativa, como se esse pequeno fragmento perdurasse num mar deste sentimento.
A série BRINCAR nos conduz ao universo essencial da infância, um território fértil para a criatividade, que nas palavras da artista são "assunto sério". Este é um convite a reencontrar o lúdico para além das telas. Estampas e texturas estimulam a imaginação, resgatando a simplicidade e a liberdade de ser criança, enquanto a artista reflete sobre as transformações entre o tempo de sua própria infância e a infância contemporânea, marcada pelo consumo e sedentarismo.
Em MAPAS, o olhar se volta para a migração, tema profundamente atual. Gaya não apenas revisita os lugares que habitou, mas também confronta a complexidade dos deslocamentos. Manchas que se diluem e se recombinam com sua cartografia pessoal em um exercício de reinterpretação, ora os mapas são delineados e no instante seguinte se fundem com aquilo que os tornou memoráveis. A artista joga com a ideia de lar e pertencimento, reafirmando a importância de nossas origens, mesmo na distância.
À primeira vista estes conjuntos de obras parecem distintos, mas suas raízes estão entrelaçadas na memória e no tempo. Cada um deles se abre para um território diferente, refletindo nuances da experiência de vida da artista em suas jornadas. As cores aqui, literalmente inventadas, apresentam uma paleta cromática expressiva. São cicatrizes, impressões em brasa ou em nostalgia. Assim são as lembranças, esse emaranhado de sentimentos que vai criando camadas espessas embebidas de presença e ausência.
Vivenciar a obra de Gaya Rachel é um chamado ao sensorial, que nos convida a refletir com perguntas simples e profundas: ainda podemos brincar? Quantas migrações nos moldaram? Quais saudades habitam em nós?
Lívia Gonzaga